domingo, 20 de outubro de 2013

Morte Abstrata



Dormir já não é para mim um ato de descanso e sim uma forma de me abstrair do mundo. Quando durmo não existo por minutos, por horas, por algum tempo; e não existir talvez seja algo que me faça bem, como uma forma de consolo.

Eu sou uma folha seca que caiu do galho mais alto de uma árvore qualquer, uma folha que agora é levada para um caminho sem rumo pelo vento e pela brisa, simplesmente vagando por ai num lugar solitário.

Algo em mim se perdeu a margem da estrada, algo morreu aqui dentro. Meu coração bate, meu cérebro recebe estímulos, possuo movimentos e respiro, mas de alguma forma talvez de forma abstrata eu tenha morrido, pois não me sinto mais viva.

Todos os meus ossos foram quebrados, e minha carne mastigada e triturada vorazmente, então agora nada mais sou do que poeira cósmica vagando pelo espaço sideral a procura de uma estrela.
Já não sou mais possuidora de uma felicidade inata, eu apenas tenho alguns momentos de contemplação. O meu sorriso é falso ou apenas momentâneo, já não consigo te-lo espontaneamente.

Minha essência foi sugada até a última gota, e agora jorra de dentro do meu ser um sangue abstrato, fruto de uma tortura abstrata, e então agora eis me aqui gritando os meus gritos mais silenciosos.
Não falo em hipérboles, e não estou querendo ser hipocritamente banal, mas sinto que esvaziei-me, e continuo por tempo indefinido a vagar por ai, por uma estrada vazia e tortuosa, por um lugar em que as rosas estão murchas e os pássaros não cantam mais pois perderam o seu belo canto. Vago por um lugar onde o céu é cinza e de vez em quando chove, simplesmente lágrimas vazias em um escuro qualquer.


     

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